Caso Jô Soares e Jout Jout
Ontem (18/11/2015),
elogiei o Jô Soares por seu livro Xangô de Baker Street, mas agora vou fazer um
apelo para que algumas ideias preconceituosas dele não se propagem.
O
entrevistador convidou Júlia Tolezano (Jout Jout) para um conversa e comentar
seus vídeos no YouTube. Ele começou como de costume, apenas jogando conversa
fora e tirando dúvidas. O problema surge quando eles avançam o tópico e vão
comentar sobre o vídeo que fez o sucesso da youtuber, “Não tira o batom
vermelho”.
Nesse vídeo
Jout, mesmo sem conhecer teorias feministas, refuta ideias machistas sobre a
pressão que mulheres sofrem em um relacionamento e como são julgadas pela
sociedade. Pela própria experiência e de conhecidos, ela fala sobre abusos que
qualquer ser humano está sujeito, sendo que muitas dessas relações estão
ultrapassadas e vão contra a liberdade do indivíduo.
Em certo do
momento da entrevista Jô Soares dá opinião machista ao ouvir relatos de Julia
sobre uma amiga que passou por uma situação constrangedora. “Mas não existe
nenhuma que esteja com cara de puta?” Essa pergunta deixa a entrevistada
claramente desconfortável pela forma cínica de tratar com graça esse problema
social que afeta seriamente a vida de pessoas.
O que ele
fez é chamado de “slut shaming” no inglês, significa que mulheres devem se
envergonhar de ter tipo múltiplos parceiros em sua vida amorosa. Ideias como
essa é herança de uma cultura que mulheres devem se casar e ter o marido pelo
resto da vida, isso não se enquadra mais na nossa sociedade em que mulheres
conquistaram o direito de trabalho, votar e serem votadas e principalmente de
viver como acham que devem.
Um estudo
feito pelo professor Michael J. Rosenfeld da Universidade de Stanford mostra
que o divórcio entre casais heterossexuais em 70% dos casos é de iniciativa feminina. Mas por que isso? A justificativa dada foi essa:
“Comecei a sentir que ele estava me sugando”. Isso deixa claro que as mulheres
vêm se libertando de relacionamentos abusivos, como os exemplificados por Jout
Jout e também pela jornada dupla de trabalho.
Jô Soares é
um apresentador inteligente, mas a forma que ele expôs sua opinião deixa claro
as dificuldades que muitas mulheres ainda enfrentam e como ele tem uma ideia
ainda conservadora sobre o direito de liberdade. Sem beijo do gordo, porque
machismo e falta de representatividade da mulher não podem mais ser toleradas.
Thiago M. Rocha
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