quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Caso Jô Soares e Jout Jout

Ontem (18/11/2015), elogiei o Jô Soares por seu livro Xangô de Baker Street, mas agora vou fazer um apelo para que algumas ideias preconceituosas dele não se propagem.

Segue a entrevista: 



O entrevistador convidou Júlia Tolezano (Jout Jout) para um conversa e comentar seus vídeos no YouTube. Ele começou como de costume, apenas jogando conversa fora e tirando dúvidas. O problema surge quando eles avançam o tópico e vão comentar sobre o vídeo que fez o sucesso da youtuber, “Não tira o batom vermelho”.

Nesse vídeo Jout, mesmo sem conhecer teorias feministas, refuta ideias machistas sobre a pressão que mulheres sofrem em um relacionamento e como são julgadas pela sociedade. Pela própria experiência e de conhecidos, ela fala sobre abusos que qualquer ser humano está sujeito, sendo que muitas dessas relações estão ultrapassadas e vão contra a liberdade do indivíduo.

Em certo do momento da entrevista Jô Soares dá opinião machista ao ouvir relatos de Julia sobre uma amiga que passou por uma situação constrangedora. “Mas não existe nenhuma que esteja com cara de puta?” Essa pergunta deixa a entrevistada claramente desconfortável pela forma cínica de tratar com graça esse problema social que afeta seriamente a vida de pessoas.

O que ele fez é chamado de “slut shaming” no inglês, significa que mulheres devem se envergonhar de ter tipo múltiplos parceiros em sua vida amorosa. Ideias como essa é herança de uma cultura que mulheres devem se casar e ter o marido pelo resto da vida, isso não se enquadra mais na nossa sociedade em que mulheres conquistaram o direito de trabalho, votar e serem votadas e principalmente de viver como acham que devem.

Um estudo feito pelo professor Michael J. Rosenfeld da Universidade de Stanford mostra que o divórcio entre casais heterossexuais em 70% dos casos é de iniciativa feminina. Mas por que isso? A justificativa dada foi essa: “Comecei a sentir que ele estava me sugando”. Isso deixa claro que as mulheres vêm se libertando de relacionamentos abusivos, como os exemplificados por Jout Jout e também pela jornada dupla de trabalho.

Jô Soares é um apresentador inteligente, mas a forma que ele expôs sua opinião deixa claro as dificuldades que muitas mulheres ainda enfrentam e como ele tem uma ideia ainda conservadora sobre o direito de liberdade. Sem beijo do gordo, porque machismo e falta de representatividade da mulher não podem mais ser toleradas.

Thiago M. Rocha

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