domingo, 13 de dezembro de 2015

[Resenha] Frankenstein, ou o Prometeu Moderno - Mary Shelley

O clássico escrito por Mary Shelley no verão de 1816, enquanto visitava a Suíça, foi resultado de uma proposta feita a ela e mais dois companheiros por Lorde Byron quando ela tinha apenas 19 anos. O mesmo, também escritor, sugeriu que cada um escrevesse uma história de fantasmas. Após muito sofrer com uma falta de criatividade insistente, Shelley teve uma visão de um estudante que dava vida a uma criatura e finalmente escreveu o que vinha a ser, tempos depois, um clássico da literatura ocidental. A história é iniciada pela narração de Robert Walton, no formato de cartas destinadas à sua irmã, Margaret. Nestas, ele conta suas experiências em sua viagem marítima, onde, um dia, acaba por encontrar e salvar a vida de um homem que logo descobre ser Victor Frankenstein.
Victor então, depois de alguns dias na tripulação, acaba se aproximando de Robert, e passa a contar-lhe sua história, onde o mesmo narra-a para sua irmã. A partir daí, a história passa a ser narrada por Victor (chamada narrativa moldura, ou quadro, onde uma história contém outra), que conta desde o dia em que seus pais se conheceram até o dia onde ele descobre uma ambição por dar vida a uma criatura (ele se nega a descrever como o fez para seu interlocutor), e o faz, arrependendo-se logo em seguida, fugindo ao ver o que trouxe ao mundo. A tão famosa criatura que todos erroneamente denominam Frankestein (no livro ele é referido apenas por palavras como 'demônio', 'criatura' e 'monstro'), desperta o interesse do leitor, onde, anos depois de seu despertar, num encontro com seu criador, narra sua própria história (assumindo o papel de terceiro narrador no livro), contando-o como aprendeu a falar, sentir e 'viver', apenas observando uma família diariamente através de uma janela em seu refúgio. O subtítulo 'Prometeu Moderno' remete ao Victor (que não possuía nenhum doutorado para lhe ser atribuído o famoso título de 'Dr. Frankenstein'), que busca o fogo do saber, da ciência, sendo para ele tal artifício, a vitória contra a mortalidade humana. O livro tem muitos momentos de discrição e reflexão dos personagens, e sua linguagem é da mais pura forma culta, o que pode ser um pouco exaustivo, mas é quase impossível parar de ler até que se tenha devorado a obra por completo (comecei a ler meia-noite e só fui dormir às oito, depois de ter lido tudo).
Tratando de vários assuntos diversificados, tal como: ciência, ética, moral, imortalidade e etc., a obra em si traz para o leitor um grande questionamento: afinal, quem é o verdadeiro monstro? A assutadora e enorme criatura de pele amarela (sim, amarela, ao contrário do verde conhecido na adaptação para o cinema), ou aquele que foi responsável de sua criação? A obra de Shelley é agora domínio público e está disponível gratuitamente na internet na língua inglesa. É curta, dependendo da edição, em média 200 páginas, e foi considerada por Stephen King um dos três grandes clássicos do gênero, ao lado de Drácula e Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde. E quem somos nós para contrariar Stephen King, não é mesmo?

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